sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Revolução

Atrás de blindagens, é a máquina de luxo.
Geradora de tudo esse lixo.
Recoberta de rostos e armações.
Padrões em sonhos de consumo, em idealizações.
Perdões projetados para a minoria.
Todos conformados em uma pseudo-alforria.

Veja a ausência de rostos o topo dessa velha hierarquia.
Transbordam indiferença.
Mas estão como nós nessa inconsistência
São partes dessa regência comercial.
Que agride toda a essência natural.
Cheia de potência em sua infâmia.
Faz gerar uma fortuna para nos atropelar.
São máquinas capitalisticas que nós construímos.
Abastecidas pelos combustíveis que cavamos.
Pelos quais somos consumidos.
Nos quais afundamos.

Somos charutos tragados em reuniões de mega-corporações
O wisk degustado em negociações.
Somos as prostitutas nas orgias depois das reuniões.

Consumismo, labuta, medo e segurança.
Padrões de acomodação para a maioria.
Sentados diante o brilho da caixa de mentiras.
Enganando a dor com aspirinas.
Confundidos entre as páginas da violência.
E lindas belezas vazias.

Reduzidos aos índices para os gestores de nossa corrupção.
E nosso suor escorre, e nossas juntas se desgastam.
E os espíritos se acostumam.
Neuroses estão implantadas.
Indigeríveis, intragáveis.
A hipocrisia é cultivada.

Nossas contas são pagas, nossos sonhos soterrados.
Engolimos a seco enquanto somos estuprados.

E em vulgares túmulos os sonhos são sepultados.
Calados e cheios de medo, abafados por se sentirem culpados.
Violência sem nos olhar nos nossos próprios olhos...
Beba suor em banquetes onde se serve cabeça de gente.
E somos nós que servimos, nós que nos alienamos, nos reprimimos.

Onde está nossa produção?
Ela escorre como fogos de artifícios no céu.
Brilham diante nossos olhos para nosso próprio encanto.
Apagam-se antes que possamos tocá-los.
Os fogos se vão, os artifícios ficam.

A festa encerra e nossa rotina é novamente instaurada.
As contas estão pagas.
Nossos nomes continuam sujos...

O ditador não é um homem com farda...
Está para além de todas as multinacionais.
De todas as figuras governamentais.
Ele escreve os hinos mentirosos.
Nós marchamos e nos rachamos.
Estamos para uma máquina autônoma e imaterial.
Que rege sistemas materiais construídos sob alicerces ideais.

Abaixo ao imperador incorporal, morte ao Senhor Capital!
Escondido nos bolsos de armanis...
Na empresa monumental.
Sob o a tutela da corrupção.
Sob a bela arquitetura do Planalto Central.

A nós, aos que desconjuntaram a juntas.
E aos poucos que o todo juntam...

A vida em detrimento do capital é uma arcaica concretização.
Ela não se estabelece pelo consumo.
Vejam, estamos a caminho da extinção!
Da infâmia do banal, do vil, do antinatural.

Nas engrenagens...
Nota-se o eu, você e nós!
Como viver as múltiplas ecologias.
Ecologia da vida, do eu, do você e de nós.
Ecologia planeta que nos acolhe...
Do sistema que agora nos engole.
Como viver a singularidade do eu que não existe a sós.
Vejam, somos reféns dessas falsas hierarquias.
Desse autoritarismo.
Desse nosso ditador.
Dessa nossa criação!
O capital!
Mola mestra do sistema canibal.

Agora vislumbre!
Estamos diante o império incorporal do Imperador Capital.
Não somos ingênuos em nossos tempos!
Poetas não são sonhadores, vulgares e patetas!

Venta contra nossa singularidade.
Levantemos as velas contra os ventos.
Armemo-nos de conhecimentos, de ações.
Sejamos nossas ambiciosas invenções.

Construir nossos momentos.
Empilhemos todas essas pedras de tormento.
Nossas rochas serão nossas esculturas.
Não nos apeguemos ao desalento.
Antecipemos as mudanças nas estruturas.


Após uma hera de cegueira diante a massificada banalidade...
Atentados virão em prol às novidades.
Produzidos pelos povos em suas singularidade.

Frente ao velho império midiático...
A jovem revolucionária.
A pluralidade na comunicação!
Com ajuda de todos os outros agentes rebeldes!
Prepara o terreno para executarmos a ação.

Logo tudo sairá da gruta.
Mas precisa de nosso ajuda!
Nós levaremos o espírito para além das teclas e monitores.
Então a pluralidade irá além dos monopólios
Além do consumo, do capital, da concentração.
Não seremos mais passivos consumidores.
Nosso entretenimento estará para além da distração...
Escolhemos nossa própria vontade.

Algo deve individualizar e unir todos os mundos.
Não será difuso em potentes rádios, nem em famosos impressos.
Não vai passar na televisão.
Podem é tentar inibir, mas anunciaram o próprio ruir.
E todo o novo é expresso!
O novo expresso pelo povo e para o povo.

Vivendo a ecologia do real e do virtual;
Do material e do espiritual...
Preservando o singular e o plural.

Nosso ser morando em nossa maior riqueza:
A natureza!
Numa ecologia dos consumos...
É o que eu presumo.
Pois do contrário vejo nós todos no fundo.

Sem medo!
Levantemos nossos copos, vamos!
Levantarei logo a garrafa, vamos brindar!
Vamos brindar ao que iremos todos encarar.

Não adiante desviar os olhos, ela está em nosso próprio olhar.

Um brinde!
Brindemos a nossa certeza!
A nossa finitude!
Um brinde a nossa morte!
Nessa celebração de nossa vida

Um brinde em virtude da nova hera sempre nascente.
Nossa hera, nosso presente!
Outro brinde! As nossas pequenas ações do agora! As mães do futuro!
Viva as escolhas diante uma porção incensurável de horizontes!
Chega desse túnel...
Vamos passar pelos rios, bosques, vales e/ou pontes.
Estamos sedentos por algo além dessa mesmice de novidades
Vamos construindo a...
Chamada Pós-Modernidade.
***

sábado, 10 de janeiro de 2009

O último muro

Os olhos condenados ao escuro...
Noção de visão submersa!
Imerso no seu paletó de madeira...

Caminha para o desconhecido.
Sob as lágrimas de sua mãe.
Carregado pelo pai e irmãos;
Assistido pelos filhos e sobrinhos.
Pelos inúmeros parentes.
Por um turbilhão de amigos...

Coberto pelo inconcebível.
Tragado pelo imperceptível.
No inexplicável caminho.

Aquele último muro se fez entre ele e a gente.
Lenta e calmamente, uma vulgar estrutura solene...
As últimas flores lhe são lançadas...
Estão sobre o seu paletó.

Alguém se agacha com seu forte espírito.
Faz ranger seus cansados ossos.
Ajuda com os tijolos.
É o muro de seu filho...
Seu primogênito, um de seus amados.
Um de seus queridos.

Do alvorecer ao anoitecer...
Sempre... Lado a lado aos pais.

O ritual está selado!
O último tijolo compõe o muro.
É um local sagrado:
Cantigas, lágrimas.
Gestos... Gestos... Gestos!
Palavras...

E o muro encerra a despedida de sua existência.
De sua consciência.
De seu corpo.

Não encerra as lembranças.
Seu sangue, seus filhos, seus netos.
As memórias, os sonhos, as esperanças.
Está tudo coroado...

E então, diante meus sentidos molhados...
O vulgar muro e todo o túmulo...
Transformam-se em um florido jardim.
***

Em memória do Tio João.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O coração da cidade

A cidade envelhece.
Desigualdade nasce.
Antes que a velhice passe...
A violência resplandece.
A gentileza retrai.
A frieza atrai, recai.
A cidade cresce...

No coração da cidade.
As crianças enganam as fomes.
Alimentam-se com a cola de nossos sapatos.
Sobrevivem dos restos que a gente consome.
E nos consumimos em chamas de vaidade.
A cidade envelhece.
Seu coração enfarta...
Uma grande mudança acontece?
Progresso?
Não somos ingênuos
Já lemos a antiga carta!

A cidade envelhece.
A desigualdade nasce.
Reféns de nossa própria ameaça!
Que a velhice passe.
Onde a atitude prevalece.
...!

...!
Que a cidade renasça!
Longe da nuvem de fumaça.
Sem tantas grades de ilusão.
Sem os lares prisão.
Sem as políticas de alienação.

Que a arte renasça.
E povo se inove.
Inicio; auge; declínio; situação.
Para ficarem de fronte.
Um novo horizonte.
Numa nova jornada nova.
Para novamente se encontrarem numa condição
Inicio; auge; declínio; situação.
...!

...!
Mas agora o coração da cidade está apertado
Espremido nas engrenagens
Entupido de sujeira... De poluição.
Explorado pela corrupção.
Exaurido pela consumação.
...!

...!
E aos futuros cidadãos:
Tudo de NOVO!
Além de morais, razões, políticas, diversões.
Além de nossas liberdades, sonhos, imaginações.
Esses devem ser nossos votos ancestrais.
Para um mundo de liberdade sem os iguais.
De liberdade para a singularidade!
Do indivíduo de personalidade!

Que o novo ciclo continuo...
Encontre-se em contradições...
Perca-se em certezas.
Aprenda com os erros...

Que a cidade renasça.
Que o povo se inove.
Que nossos filhos e netos vivam
Para que também inovem...
...!
***


Artesãos singulares

Felicidade não é algo que se recebe nessa ou naquela data determinada...
Felicidade não é fútil como um presente enrolado em laços dourados...
Mas também é desejada, esperada, esculpida, trabalhada...
Mas além de presentes, pode ser inventada sob nossa medida.
Pode ser até obra além de nossa vontade
E só para nós mesmos.
Podemos ser os grandes tecelões!
Podemos ter alguma participação.
Os tecelões de forças e fraquezas de felicidades e tristezas...
Os urdidores de transas.
Inventores de teares, com muitos pentes e pedais.
Então criamos pontos aos milhares...
E até dos fios e barbantes somos autores.
Fazemos qualquer mistura, chegamos a novas cores.
Peças sob nossas próprias medidas...
Para os nossos próprios; singulares usos...
“Cogito ergo sum”
***

Para não entender

Esse, isso, reza...
Guerra por uma dose de petróleo.
Come, zune, enxuga...
Saúde em toalhas de monóxido.
Luta atua como seus mísseis de ilusões.
Suas grades, inocentes...
Cadeia lares.
Carros sanitários, gaiolas de insetos.
Ônibus azuis, no começo de um ano velho.
Suspiro para seu novo chulo...
Palavras fúteis pra criar rimas remoídas?
Doces, loucuras, pinceladas, essas palavras...
Quais as medidas?
Quais as medidoras?
Insanidade na literatura?
Você atura?
Suporta?
Vil banalidade?
E então?
Fragmentos ou continuidade?
Rupturas?
Tolices?
Doçuras?
Doença?
Cura ou mesmice?
Ambição...
Latas, sedas, músicas...
Viagens...
Liberdade...
Loucura...
Prisão depende da sua vontade...
Cultura...
Depende da encanação...
Garrafas, vertigens, inspirações, ilusões...
Imaginação, criação, atuação...
Visão...
Veias...
Ar, pés...
Encarnação...
Representação...
O que realmente quero dizer então?
Surrealização...
***

Sonhos em pó

Amor, desejo...
De tudo que tem no mundo.
Por uma única garota...
Então o prazer flui, brota.
Na rota, a dois, a sós...
Nós dois pro alto e pro fundo
No nosso quintal: Em nossos mundos!
Nos dois saindo atrás das noites...
Nós correndo por entre loucos sonhos.
Aprendendo um com o outro...
Caindo se levantando.
Isso é o amor.
Não só carne.
Nem só desejo
Não é algo ideal...
Nem só eterno nem só material.
Algo que não deixa de ser lindo.
Independente do final...

Entre doces lembranças quentes e vou indo!

É o amor que num tem dó.
Dança em outros ritmos.
Deixa meus sonhos em pó...
E de pó são as novas esculturas.
Como seu rebolado sobre mim...
Harmônica dança sem estrutura...
Sinfônica sem ritmo.
Que quando é, é eterno...
Mas tem começo, meio e fim...
***

Arrependimentos

Contradições onde me jogo depois de cair.
Posso me perder... Posso me encontrar.
Para me fortalecer para me encarar...
Para apodrecer, definhar, renascer; inovar-me...
Caminhando numa duna que dança com os ventos...
Arrependimento é mediocridade em dois momentos..
No tempo de errar, no tempo de se arrepender!!!
Não simplifique isso a uma mera “coisa do diabo”... Ele é ocioso
Chega desse ciclo arcaico e vicioso.
Aprendo com meus erros.
Aprendizados junto com arrependimentos?
Não posso vê-los!
***

Vamos?

Veja como é estranho.
Veja o caminho que eu mesmo escolhi.
Mergulhe em mim! Venha pra mim!
Vamos submersos no nada infinito.
Dê-me seus lindos olhos castanhos!
Vivamos seus desejosos medonhos!
Vamos meu amor, repare; vai ser divertido...
Nem isso nem aquilo, apenas diferente, esquisito...

Dê-me sua mão, acredite, existe uma escada.
Para além do céu e do paraíso...

Mordo seu corpo e beijo seu espírito.
Sabes disso.
Volte-se pra mim, mas não se esqueça de si...
Sempre vou te olhar, te ouvir.
Só não tente me mudar e livre também vai voar.
Vamos juntos errar, aprender, chorar, sorrir e cantar.

Diferentes...
Completam-se sim!
Eu escolhi acreditar assim!
Mas amo; não julgo sua decisão.
Sempre saberei que nada foi em vão...
Por enquanto aqui...
***

Salto na chuva

Vou como um sonhador com assas de papelão.
Vou subindo para uma nova montanha.
Por uma trilha e sem muita pressa.
Algo que pensei fazer desde a infância.
E desde sempre, com humildade, sem toda aquela arrogância.
E minhas assas de papelão podem suportar.
Ir contra os todos os ventos.
Mas não resistem à chuva fina que cai em sua ausência.
Já se passou algum tempo, e estou esperando seu momento.
A chuva num passa, as assas desmancham.
Não da pra saltar sem minha.
Sem meu amor, minha fé, minha esperança.
Minha garota, sua ausência traz toda essa garoa.
Desejo sua felicidade distante.
Mas diante essa possibilidade.
Molham-se meus sonhos.

Entre os sonhos e nossa felicidade...
Se eu escolher estarei condenando os dois à morte lenta.
Tudo o amor e toda sorte, todos os sonhos, tudo a morte.
Mas antes ver você partir tentei abrir minhas assas.
Mas elas dissolveram.
Agora se for para saltar para o sonho.
Vou é me jogar...
E a chuva pode me molhar.
***

Festa da virada

Vejo a dedicação das pessoas às festas.
Principalmente às com datas marcadas.
Aquelas estipuladas, rotuladas.
Serão as datas da felicidade?
Serão momentos felizes?
Trabalhe, consuma, assuma.
Esse não é o rumo.

A felicidade não está nas prateleiras.
Nem tem hora marcada
Entre festas com fogos e bebedeiras.
Entre o aconchego de um violão na sarjeta
Não podemos datar... Não da pra precisar
Existe só a felicidade celebrada.
Sem data predeterminada.
E a festeje chovendo ou ao sol ardendo.

Esse é o dia...
É maior que qualquer festa da virada.
Sem essa cultura enlatada.
Chega de hora marcada, chega de festas esperadas.
Feliz inesperado!
Vamos que seja a qualquer momento celebrado.
Que a qualquer momento seja a hora da virada.

E alguns minutos depois os fogos cessam.
E a poesia continua... Como no ano passado.
A novidade não tem hora marcada.
É o inesperado.
È o novo.
***

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