sábado, 10 de novembro de 2007

Para o Agora

Pensando em outras coisas e não distraído;
vivo fundido sons, odores e paisagens.
Entre o desligado e o ativoimagino outras mensagens...

E eles saem pelo portão.
Como capim ao vento no final de uma planície ensolarada,
choram e sorriem e se rebaixam diante da jornada.
Saem como um corpo de multidão...

E o individuo é dependente do olhar esculpido!
Vão para suas poltronas diante do ideal da idealização.
Sonhos de consumo onde o ego faz pulsar a ilusão
de um carnaval comercial e descolorido...

Fiz uma curva de noventa graus,
atropelei cadáveres eternos.
Comi o meu bem e meu mal
num banquete além do céu e do inferno.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Velhos do Interior

Homens “inda” vivos!
Caricaturas de fotos antigas;
de antes de perdermos a noção do declínio.
De quando o interior não ardia em vícios!

Há algumas estações atrás...
Onde o alimento não era velado em conserva.
Antes de o tóxico substituir a merda!
Quando pura era toda terra, carne, fruta e erva!

Quando?
De um mundo outro, donde emanam iguais que avisam.
Resmungam até ficarem roucos,
até os tolos os tacharem de loucos.
Enquanto são poucos os que seus dizeres ruminam...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Caminhada no Inferno

Caminhei num sonho!
E apezar dos meus passos,
a paisagem que ia para traz.
Caminhei a passos rasos.

Tudo negro avermelhado,
arco ires infernal;
ocupa todo o céu:
É larva: Todo o tudo!

Não existe medo ou dor!
Caminho até um belo trono.
Nele repousa um homem,
um deus ocioso cercado de súditos.

Então ele amedronta e tenta;
eu olho tudo e penso:
“Pelo amor da natureza,que sonho mais besta”
Então ele se irrita, assusta e grita.

Um grito tão forte;fui jogado de costas!
E a paisagem vai pra frente! Vôo de costas!
Velocidade alucinante;
lançado para longe: Longe desse sonho inocente.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Seca

Penso desligado,
ando num mundo e sem religião.

Como ter fé absoluta?
Como negar todas as outras?
Negando todas!

Viajo no mundo!
Nos pesadelos chamo por deus.
Nos sonhos encaro o diabo.

Acordo e vejo dois conceitos encravados;
numa moral seca estão enraizados!

Estranhas

As pessoas são estranhas,
todos são estranhos
Eu sou estranho,
Sou até as entranhas!

Rostos sem expressão,
escondidos atrás de maquiagens.
Olhos que enxergam apenas a imagem,
preferem machucar o coração!

Não quero acreditar mais tudo não cala.
Discussões e brigas no casarão.
Festejos mágicos na senzala.
As crianças assistem tudo do porão!

Pegadas ao Vento

Olho pra trás...Olho pra trás...
Tento achar as pegadas que deixei...
Olho pra trás e vejo a poeira subindo com o ar;
é o vento levando a minha história.
Ando só, no meu caminho comigo mesmo...
Eu não tenho herdeiros.
Eu herdei a solidão por quase todos os dias.
Eu não sinto falta de um aperto de mão,
mas eu sinto falta de não ter caminhado pela lua.
Sinto falta de não ver meus passos sobre o mar,
e o que me resta é imaginar,
o vento levando a poeira de minhas pegadas ao mar.
Mas o mesmo vento que apaga minha história
é o que me leva a uma nova história,
a um novo lugar sem ninguém a minha espera
ou ninguém que irá sentir saudades de mim quando eu parti.

em parceria com Marcelo Oliver

domingo, 4 de novembro de 2007

Sacrifício

Bem no meio da testa,
Uma marretada certeira...
Mato-o rápido e
Volto a existir.

Sinto sede,
a garganta seca...
Afogo-o.
Respiro!

Sinto fome,
O estômago aperta...
Como-o.
Sacio-me!

Sinto frio,
O idealizado desmorona...
Queimo-o.
Não paro de sorrir!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A criança

Bela e um tanto mais próxima da liberdade!
Tanto esse, que pode esvair.
Observa o consumo, a vaidade, a insanidade.
Vai aprendendo a mentir!

Vai ouvindo respostas
com expressões bélicas.
Vai ouvindo a verdade absoluta
e perdendo sua verdade bela.

Na terra onde prazeres são mascarados,
ela se perde em uma neblina de medo.

É figurante em um filme sem enredo,
num mundo de pensamentos confinados.

Passa a ter sonhos cerrados!
Onde nem uma gota de magia pode entra.

Ela fica longe da bondade
e aprende a se trair.
Assiste a diversão da maldade
e pensa em se divertir.

É refém das respostas
sussurradas sem cautela.
Torna-se escrava de uma luta
para entrar em uma cela.

Em bosques ela não pensa em adentra;
só o ar condicionado do desejo ela consome!

Tudo olha com sede e fome;
mas sente medo da chuva!

Ela aprende a idealiza.
E esquece de se imagina!

Além...

Num tempo distante, num lugar futuro!
Não sei onde, é lá que se imagina!
Imagina algo inominável, ao sul do nada!

Gritando no espaço!
Cheio de vácuo e som!
Múltiplas cores sem visão...
Quem dirá uma mera explicação?

Antes dos tijolos do universo,
depois dos limites donde pensa a multidão!
Além da expressão dos versos.
É menor e maior que o nada!
Quem se propõe a imaginar?

Paixão

Há tanta diferença;
e mais impossibilidades.
Muros ocidentais;
barreiras orientais.

Amor impossível.
Amor vivido.
Nada platônico.
Sim escondido!

Toques e beijos ardentes!
Néctar da flor rosa e quente,
Flechada certeira,
gemido atraente!
Agora uma só gente!
O meu desejo janta,
alimento minha caveira
e o animal do eu canta!

Nos olhos satisfação,
Sorrisos dançando!
Flor já desabrochada!
Desejo calado!
Prazer lascado!
Amor é tesão.
É cama alucinada,
é beijo ardente e lábios suados de paixão!

É o impossível acontecendo escondido.
É o imaginado e vivido.

Jovem Morena

Refém de uma aventura perene.
A sede morta a álcool,
a fome escondida atrás da loucura.
Vinte e quatro anos e esquecida!

Uma postura serena,
sorrisos ou caretas entorpecidos.
É mãe sem ter sido filha!
É gata da rua.

Esmola! Uma moeda por uma dose consolo!
É tudo que recebe de mãos beijadas.
É tudo que sempre recebeu de mãos beijadas.
Moedas para seus venenos que aliviam!

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