terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Esquizoviagem

Estou num caldeirão fervente.
Não deliro de dor,
é tudo positivo, é inconsciente.
Não sinto falta nem nostalgia
ou qualquer dos maus,
sou uma das bolhas estourando em caos.

Gozo em estímulos
Inflo até estourar então
sou gotas a mergulhar
e novas bolhas vou formar.
Sou a evaporação
e vôo até me condensar, até cair.
Sou o devir...
Sou no caldeirão, sou no ar!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Cidadã da Babilônia de Solidão

Navega entre ofertas,
pesquisa preços, mantém contato com vendedores,
é cliente antiga de muitos neo mercadores.
Compra tudo que precisa e tudo quanto é besteira
coisas de todos os valores.

Mais não é mulher gastadeira.
Cria rios de ofertas, negocia preços e fecha sempre bons negócios.
É empresária, é jovem, é linda e bem sucedida.
Estuda estratégias, lê muito, malha e fica pouco tempo no ócio.
No entanto não tem admiradores,
amigos, amantes ou amores.

Arrebata olhares de Venscesláu, noventa e cinco anos, porém exímio jardineiro.
Robin, como prefere ser chamado, é atento caseiro e delicado cozinheiro. Ele sempre a admira e contempla. Em comum com a patroa a juventude, a educação, a beleza e a atração por homens. A faxineira é a lavadeira que é viúva beata.
De vez em quando vê os vultos na guarita. Vultos que assistem a transmissões de muros e portão. Esses garantem a maior de suas ilusões.

A vizinhança é só gente de classe,
está atrás de muros altos com cercas elétricas e vigias sem face.
Não tem crianças brincando na rua.
Pela janela apenas belos carros blindados com vidros sufilmados
refletem a máscara que a poluição cede ao sol e a lua.

Ela esta entediada,
sente falta de cultivar amigos;
mais falta ainda de ser desejada.
Contudo, ainda prefere viver acoitada;
não freqüenta clube, teatros, cinemas,
lojas e muito menos cai nas noitadas.

Dois anos é pouco pra esquecer:
Roubada, seqüestrada,
espancada e violentada,
um inferno exagerado
com início na saída de um belo shopping.

Uma princesa dominada
em sua segura carruagem encantada.
Foi logo ali! Menos de sete quadras...

Agora vive conectada, trancada , sozinha e calada.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Fantasmas

Sem estereótipos horripilantes.
Vivo fantasmas!
Sem maquiagens, sem show de horrores.
Sinto fantasmas!
Alguns sadios outros de dores.
Sim, vejo fantasmas!
Alguns de consumo outros criadores.
Sonho fantasmas!
Alguns inomináveis, encantadores, sedutores!
Fantasmas obscuros e cintilantes.

Viajo com fantasmas...
Fantasmas uniformizados de desejos tolos.
que conduzem ônibus de linha.
com hora de chegada, com hora de partida.
Fantasmas que voam para o novo,
pilotam zepelins sem bússolas.
Nus, sem formas, uniformes ou fantasias.

Às vezes me sacio de desejo num festejo fantasma.
Taças com veneno misturam-se com as de água na bandeja,
depende muito do que o convidado almeja.

Fantasmas seguem os desejos.
Alguns apreciam repetições...
Vivem da “conservação do consagrado”.
Outros curtem é novidade!
“Vivem perigosamente”,
duvidam da segurança da estabilidade.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Por Um Terror Novo

A cabeça da sedutora de vítimas para o leilão
é tocada por crianças no chão. E é gol!
Uma vítima tem condição de negociar sua absolvição
Uma vingança, um negócio fechado com o chefão...
Escapa da tortura com a tatuagem da pele até o coração.

Vítimas levadas para saciar a vontade de matar
Vitimas da sede do poder sobre a vida,
mercadorias de uma empresa da morte
com empresários faxineiros, vigias e artistas.

O homem no trem admira e o jovem se assusta.
No bar o jovem se desculpa.
Na fábrica o homem o tortura.

Da fábrica que produz o inferno
onde os demônios são a elite dominante
uma fuga alucinante e
mais uma cabeça na sala cintilante.

O som é contrastante,
é envolvente
é delirante
é entorpecente!


Na fábrica de homens e mulheres da morte,
Não existe rancor contra indivíduos
É rancor de outro ou de todos.
É medo do medo de ser fraco,
é desejo de ser forte.

Visão das vítimas!
Visão dos assassinos!
As vítimas se tornam vingativas; mostram-se assassinas!
Os assassinos vão se redimindo
se rendem e encenam o doentio.
É obra que encerra o dualismo!

“_Você não tem família?”
“_Não tem uma esposa?”

“_Minha esposa?”
“_Minha esposa?”
“_Não posso matar minha esposa”

É pra sentir, é pra temer todo o contexto.
Alguns se ofendem com a nudez e violência.
É o susto da nudez de uma possível vivencia.
Outros ruminam, admiram toda a obra,
Ovacionam todo o caos da complacência.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ficção Travestida

A mega seleção dentre muitos é por pouquíssimos!
Sorteio se tem, é raríssimo!
Confinados, trancados de papel assinado!
Contrato que devem interpretar, que devem digerir.
Cortes e edições conduzem sugestões.
Mais a platéia não pode suspeitar, deve engolir.
Nascem heróis com poderes temporários.
Duram um breve tempo depois que saem do cenário.
Então servem para despertar desejos publicitários.
Heróis que confortam a platéia;
o conforto da crueldade em cena.
Nua esta toda baixeza,
toda a maldade da vida artificial é vendida como real,
simulando intrigas em um ambiente áudio visual.
(onde amizade está diluída na fama e na riqueza)
É uma república que conforta a platéia nas incertezas...
Porem uma coincidente contradição:
Também é uma república de gentilezas de gente que ama.
Não, isso não me engana!
Tudo faz parte do enredo fantasma, da invisível trama.
Nada de realidade, apenas uma camuflada ficção!

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