sábado, 23 de fevereiro de 2008

Cidadã da Babilônia de Solidão

Navega entre ofertas,
pesquisa preços, mantém contato com vendedores,
é cliente antiga de muitos neo mercadores.
Compra tudo que precisa e tudo quanto é besteira
coisas de todos os valores.

Mais não é mulher gastadeira.
Cria rios de ofertas, negocia preços e fecha sempre bons negócios.
É empresária, é jovem, é linda e bem sucedida.
Estuda estratégias, lê muito, malha e fica pouco tempo no ócio.
No entanto não tem admiradores,
amigos, amantes ou amores.

Arrebata olhares de Venscesláu, noventa e cinco anos, porém exímio jardineiro.
Robin, como prefere ser chamado, é atento caseiro e delicado cozinheiro. Ele sempre a admira e contempla. Em comum com a patroa a juventude, a educação, a beleza e a atração por homens. A faxineira é a lavadeira que é viúva beata.
De vez em quando vê os vultos na guarita. Vultos que assistem a transmissões de muros e portão. Esses garantem a maior de suas ilusões.

A vizinhança é só gente de classe,
está atrás de muros altos com cercas elétricas e vigias sem face.
Não tem crianças brincando na rua.
Pela janela apenas belos carros blindados com vidros sufilmados
refletem a máscara que a poluição cede ao sol e a lua.

Ela esta entediada,
sente falta de cultivar amigos;
mais falta ainda de ser desejada.
Contudo, ainda prefere viver acoitada;
não freqüenta clube, teatros, cinemas,
lojas e muito menos cai nas noitadas.

Dois anos é pouco pra esquecer:
Roubada, seqüestrada,
espancada e violentada,
um inferno exagerado
com início na saída de um belo shopping.

Uma princesa dominada
em sua segura carruagem encantada.
Foi logo ali! Menos de sete quadras...

Agora vive conectada, trancada , sozinha e calada.

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