segunda-feira, 7 de março de 2011

Parabéns Cidade!

Parabéns Cidade!
Ela cresce e cresce, mais e mais.
Ela aumenta e quem mede?
E quem se importa?
Quem é capaz de enxergar?
Quem quer olhar?

Crescem as filas, crescem:
os doentes mais esquecidos,
as crianças nas esquinas.
Cresce o descaso com a vida!
Crescem os preconceitos:
as mais fedidas das feridas!

Bairro chique e segregado.
Barro para o povo que reclama calado,
que grita alienado.
Escolas para subempregos,
adestramento para os subordinados,
gritos para um futuro desempregado.

Licitações em prateleiras:
mercadorias, contrabando, valiosas especiarias;
É o tráfico em gabinetes, câmaras e tribunais,
São todos Poderes de ilusões convencionadas
que regem o enfeite de toda a narquia.

E o crescimento vem de empreitada,
a natureza é estuprada e
ao amanhecer bacias de concreto abrigarão povoados.
Vamos! Olhe para o futuro! Pensar não é loucura!
Olhe da próxima vez que sair à rua.
Olhe ao redor: os horizontes são os oráculos.
Preparemos nossos barcos...

A cidade cresce, cresce e cresce...
Todo dia a cadeia está mais cheia e
as amizades mais vazias!
A paz sempre mais perdida,
absurdos mais escancarados,
abusos de rotina...
Mais e mais as famílias comunicam!
Estão penteados, bem vestidos, maquiados,
esticados, pálidos e gelados...
Rodeados por lágrimas dos queridos.

Enquanto a impunidade é vendida
na esquina onde se perde a vida.
Enquanto a impunidade é mimada
nos braços frios e de pedra da pobre cega!

Toda a cidade será mais violenta...
Toda a fome mais sedenta.
As indiferenças serão mais intensas.
E a inspiração mais rebelde,
sarcástica e sombria!

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